"Não me interessam mais nem as estrêlas, nem as formas do mar, nem tu. Desenrolei de dentro do tempo a minha canção: não tenho inveja às cigarras: também vou morrer de cantar." ACEITAÇÃO (Cecilia Meireles)
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31.5.09

Lethes



O barulho das águas me chamaram,
Aquele som, eu quase podia toca-lo.

Fui até lá lavar meus pecados.
Fiz uma concha com as mãos,
Em reverência ao mar.
Ou a lembrança dele.

Eu podia sentir cada gota,
Cada lágrima indo embora.
O calor derretia o lodo, a lama.
Tudo indo embora.

Por um momento cada ato, palavra e atitude,
Um de cada vez, vinham me dizer adeus.
Tantas memórias...

A agua parecia mudar,
Mais densa, mais quente...

Mas aquele som,
Era o reconforto.
Ela um cobertor de veludo em noites frias.
Era a sinfonia mais bonita.

Mergulhada em lembranças,
Arrisquei ir até o fundo.
Me lavar por completo,
E me despir dos pesares.

Foi ali que eu te vi,
Indo embora.
Eu nadei sem pensar,
Tentando me agarrar a nossa ultima lembrança.

Me afoguei.
No tempo passado,
Nas dores de um pesar ainda guardado.
Dentro de mim o seu corpo permanecia,
O caixão, de vela acesa, velado.

Perdi a consciência.

Acordei as beiras de um rio.

Alguém me chamava:
- Moça, não se deve nadar no Lethes!
(Eu pensei: - Lethes? que Lethes?)
E a voz dizia novamente:
- Quer ajuda, onde você mora?
(- Quero ajuda? Onde eu moro?)
Percebi que tinha mais alguém com ele.
(- quem era ele?)

E ele diz a pessoa mais distante:
- Mais uma que se banhou no Lethes, e perdeu-se de si mesma.

(- Lethes? que Lethes?)

Garota de Vênus

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Sonha, Sonha... Vai sonhar menina que o dia/noite já vão chegar...



20.5.09

No way out



A corrida aumentava a frequência cardíaca,
Mas esse era o único modo de despistar o frio.
Sons estranhos confundiam o meu compasso,
O salto dificultava cada passo.

Corria sem saber pra onde,
Tudo passava por mim desapercebido,
A luz de uma lâmpada, bem distante iluminava o meu objetivo,
Mas a cada passo a frente meu, havia um outro passo a frente dela.

Nesse jogo masoquista de pique-e-pega...
Ela me pegou. E eu não peguei ela.
Seu brilho de Medusa havia me hipnotizado,
E fugir daquela busca parecia loucura.

Mas essa corrida também não o era?

Corri ao ponto dos meus músculos doerem,
Eu sabia que outras pessoas também corriam.
Em outras ruas, outras dores, outras vidas...
Mas a luz era a mesma?

O suor escorria pelo meu rosto cansado,
E uma voz me dizia: seu tempo está sendo marcado.
Até que caí.
A luz não me esperou.

Ela deveria ter esperado?

Catei os cacos do meu corpo debilitado,
E juntei aos da minha mente fatigada.
Levantei e segui com as forças que restavam...

A luz me acompanhava de longe,
Sorrindo de forma sacana da minha sina.
E eu, presa nessa caminhada,
Caminhando em busca do que um dia foi um destino.

Garota de Vênus

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Sonha, Sonha... Vai sonhar menina que o dia/noite já vão chegar...


Quem sou eu

"Aqui neste momento, Momentâneo, Inútil, ou não. Apago da minha memória, Tempos inertes de ilusão, Todas as conversas sem fundamento, Todas as citações erradas, As notas baixas, Os falatórios maestrais. Que moral que nada, A Vida me aguarda, A vida Errada, A sede - A grande sede me mata, A Saudade me maltrata."
Vivien Lee

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