Fui aprisionada.
Aliados prenderam-me num lugar que era para ser "um lar".
Crochêtando minha vida percebo os nós e neles feridas,
Que nunca cicatrizaram.
Dou voltas no mesmo círculo, na mesma linha continua do meu trabalho.
Artesanal ou manufacturado?
As cores me dizem o mesmo tom.
As voltas me levam ao mesmo lugar.
Uma gota do encanamento me atormenta.
Aquele gotejar me hipnotiza,
Juntamente com o tic-tac que nunca cessa.
Me perguntam se a proteção me consola...
Eu digo que a dúvida me excita.
O medo e a tristeza me elevam a um outro lugar.
O "tic" continua e o "tac" me traz lembranças.
Coisas que ainda não aconteceram de fato,
Mas no meu imaginário ainda permacem.
Intactas.
As sequelas do tempo me fizeram mal?
Os erros que cometi ainda não foram suficientes?
Quero estar pronta para o arremate.
E enfim terminar esta grande colcha de retalhos Pretos e Brancos.
Garota de Vênus
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